

Consultor:
Anete Mecenas
Doutora em BioquÃmica pela UFRJ, Mestre em Ciências Farmacêuticas pela UFRJ e especialista em Nutrigenômica na prática clÃnica e esportiva. É coordenadora, docente e pesquisadora do curso de Nutrição da UNESA.
Ter uma alimentação completamente livre de agrotóxicos é algo bem difÃcil, né? Afinal, apenas os alimentos orgânicos - cultivados de maneira sustentável - estão realmente livres dessas substâncias quÃmicas.
O grande perigo, que muita gente não sabe, é que esses inseticidas podem causar doenças graves a longo prazo. Por isso, é muito importante buscar uma alimentação cada vez mais sustentável, dando preferência aos alimentos orgânicos. Para saber mais sobre os malefÃcios causados pelos agrotóxicos, nós conversamos com Anete Mecenas, que é nutricionista doutora em BioquÃmica pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Ela esclareceu muitos pontos importantes sobre o assunto, dando dicas para quem quer diminuir o consumo dessas substâncias tóxicas no dia a dia. Confira!
Consumo de agrotóxicos a longo prazo favorece o surgimento de câncer, distúrbios neurológicos e endócrinos
Os agrotóxicos são, basicamente, substâncias quÃmicas usadas em plantações para proteger os alimentos contra pragas e doenças. O problema é que esses inseticidas - além de matarem insetos nas plantações - também acabam contaminando os alimentos (pimentão, batata, cenoura, tomate, alface e vegetais diversos). Ou seja, são muitos os que contêm substâncias tóxicas, principalmente os cultivados em grandes plantações.
A longo prazo, o consumo desses alimentos contaminados pode fazer muito mal ao corpo - favorecendo, inclusive, o surgimento de cânceres, distúrbios neurológicos e endócrinos. Em 2017, pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) descobriram que mulheres grávidas que moram em áreas rurais - próximo a plantações que utilizam agrotóxicos - são muito afetadas pelos inseticidas. Neste caso, os bebês têm maiores chances de nascer com más-formações e doenças crônicas. Não é à toa que essas substâncias quÃmicas são chamadas de veneno, né?
É possÃvel tirar o excesso de agrotóxicos dos alimentos durante a sua higienização?
A nutricionista doutora em BioquÃmica Anete Mecenas destaca que é possÃvel sim tirar o excesso de agrotóxicos dos alimentos - mas isso demanda uma lavagem cuidadosa e, de preferência, com o uso de alguns produtos especÃficos (como o bicarbonato de sódio).
"A lavagem dos alimentos em água corrente pode contribuir para a redução dos agrotóxicos. Mas, para realmente garantir uma boa limpeza, uma boa dica é recorrer à s soluções de uso doméstico (como as com bicarbonato de sódio), pois elas são mais eficazes na redução destas substâncias quÃmicas", conta a nutricionista.
Mesmo assim, não pense que é possÃvel remover todo o agrotóxico do alimento, ok? De acordo com a nutricionista, as coisas não são tão simples quanto parecem. "É importante destacar que os agrotóxicos podem estar presentes na pele ou na polpa do alimento. Além disso, o modo de ação do agrotóxico deve ser levado em consideração - os inseticidas ficam preferencialmente na superfÃcie do alimento, mas resÃduos dos produtos sistêmicos tendem a se mover para camadas mais profundas dos vegetais. Desta forma, não será possÃvel eliminar totalmente o agrotóxico dos alimentos", explica Anete.
Para complementar, a nutricionista também citou uma pesquisa acadêmica muito útil, mostrando como é possÃvel reduzir de forma simples a quantidade de agrotóxicos de alguns alimentos. "O resultado de um estudo apontou que o uso de bicarbonato de sódio (5%) em água reduz em 83% a quantidade de clotanolil (um tipo de agrotóxico) presente na casca do tomate. A retirada das cascas também pode reduzir em mais de 50% a presença de agrotóxicos nos alimentos. Além disso, no experimento, a utilização de bicarbonato de sódio 1,5% e ácido acético (vinagre) reduziram em 72% e 68%, respectivamente, a quantidade deste agrotóxico no tomate", finaliza a doutora em BioquÃmica.